BLOG LE MI POR CAROL URURAHY
CAROL URURAHY

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O Selvagem em Nós Mesmos






Pois então, passei o ano novo no meio de um Safari, na África do Sul. Sou zero encantada com animas e confesso que estava mais empolgada com o visual da savana e com os vinhos do que propriamente em ver os bichos. E eu odeio acordar cedo. Mas chegando na reserva, tudo mudou.

O esquema é o seguinte: somos acordados as 5:30 da manhã e saímos pro Safari matinal, de 6 às 9. Café da manhã, piscina, almoço e soninho, depois partimos para o Safari final de tarde, das 16 às 19 horas. Jantar e cama para estar de pé na madrugada seguinte. O relógio biológico já muda e - por incrível que pareça - faz um bem danado.

Muito embora a vida maluca nas cidades nos faça esquecer de que efetivamente fazemos parte de todo um ecossistema, de uma cadeia alimentar o que eu percebi é que nossa natureza de animal é tão visceral que permanece lá. E parece que quando você fica cara-a-cara com um leão, ou um leopardo - esse assusta! - alguma coisa dentro da gente desperta, de uma forma tão expontânea, tão natural que de repente a gente se percebe totalmente diferente de como nos enxergamos no dia-a-dia. A gente se percebe instintivo, inteiro, forte e ao mesmo tempo reconhece que somos indefesos e um pedacinho bem pequeno de uma sociedade composta de seres bem maiores do que nós. Uma contradição difícil de compreender pelo nosso intelecto mas extremamente simples quando nos vemos lá, no meio dos bichos.

Mas o que me chamou atenção mesmo foi o fato de que se a gente se der espaço e procurar lá dentro de nós mesmos, vamos encontrar esse bicho humano. Ele não morreu, ele foi abafado por tanto coisa que colocamos na frente da nossa própria natureza. E que é possível nos libertarmos da escravidão racional a que nos submetemos buscando cada vez mais informação, conhecimento, lógica. E que encontrar um sentido para a existência pode vir de um caminho muito mais natural do que através de milhares de linhas da melhor filosofia.

Voltando pro concreto de São Paulo, fiquei pensando que, com algum esforço, acho que a gente consegue chegar nestas mesmas raízes, nestas mesmas emoções, sem precisar cruzar o atlântico. É olhar para si, limpar a mente e simplesmente sentir o que está acontecendo dentro de nós. E olhar para fora e perceber o céu, o vento, as árvores, os outros. É um a viagem interna que realmente vale a pena. Bon voyàge!

Nenhum comentário:

Postar um comentário